21-10-2013/11:00:50
Clássico foi tenso e de bom futebol (Foto: Vinicius Costa/Preview.com/Agência Estado) |
O que começa mal… termina bem. O Gre-Nal é capaz de até mesmo transformar velhos axiomas. E o fez neste domingo, no estádio Centenário, em Caxias do Sul, após discussões sobre número de ingressos aos visitantes, de ônibus apedrejado e briga a socos e pontapés entre torcedores antes de a bola rolar. Já dentro de campo, embora lances ríspidos e discussões acaloradas, predominou o futebol. Venceu a bola - mesmo que nenhuma das equipes tivesse saído com vantagem. O efervescente clássico 398 terminou empatado num digno 2 a 2. O pontinho conquistado por cada time, no entanto, soa insuficiente para premiar o movimentado confronto assistido por 17 mil presentes. Com cara de Gre-Nal.
O Inter começou melhor, abriu o placar com Willians. Permitiu o empate em lambança de Jackson. O gol da virada, no entanto, foi mérito total dos tricolores. Em contragolpe envolvente, Vargas marcou. D’Alessandro, de pênalti, empataria.
- O primeiro tempo era para irmos tranquilos ao intervalo... - lamentou D'Alessandro.
- Eu mesmo errei dois gols que poderiam ter mudado o jogo - avaliou Souza, também em tom lamurioso.
A dupla dá um tempo no Brasileiro, no qual o time de Clemer está em nono, com 42 pontos, e os comandados de Renato seguem na vice-liderança, com 53. Na quarta, o Inter visita o Atlético-PR precisando da vitória para passar à semifinal. Já o Grêmio recebe o Corinthians, também por um 1 a 0 simples para seguir. Caso passem, ambos se enfrentarão no estágio seguinte da Copa do Brasil. O Nacional é só no próximo domingo: o Colorado contra o São Paulo, e o Tricolor diante do Coritiba.
As confusões fora de campo começaram cedo. Ainda durante a semana. O Grêmio exigia cota de 1,8 mil ingressos, enquanto o Inter concedeu 500. Houve intervenção do STJD, e 1,3 mil gremistas conseguiram comparecer ao Centenário. Antes de a bola rolar, no entanto, mais incidentes. Dois ônibus com torcedores colorados foram apedrejados no caminho à serra gaúcha e umcolorado foi detido em frente ao estádio após agredir um fã do rival. Sem contar umtorcedor que caiu dentro do campo e fraturou a perna. Em campo, um abraço coletivo entre os jogadores da dupla, pelo movimento Bom Senso F.C., serviram também para mostrar que o futebol seria, enfim, o protagonista.
E a emoção que todos querem ver, a despeito de conflitos, farpas e sangue, começou cedo. Aos cinco minutos, Otávio roubou a bola de Souza e a entregou a Willians. O volante chutou cruzado e contou com salto tardio de Dida para fazer o 1 a 0. Os minutos que se seguiram foram de pleno deleite aos colorados. Maioria no Centenário, viam seus jogadores trocarem passes com tranquilidade. Aos 23, Kleber cruzou para Damião, que saltou entre dois zagueiros e só não marcou por centímetros que separaram a bola de seu pé direito.
Um minuto depois, o Grêmio ensaiou o despertar com falta na meia-lua. E com a primeira discussão mais forte. Entre os zagueiros Bressan e Jackson. Bolo formado, e cartão para o lateral Kleber pela infração sobre Vargas. A cobrança de Alex Telles, no entanto, foi ruim. O mesmo Alex Telles, aos 27, protagonizou lance inusitado ao beber copo d’água jogado por um torcedor colorado perto da bandeira de escanteio.
Por falar em inusitado, Jackson conseguiu superar. Antes, aos 34, havia cortado cruzamento que iria na cabeça de Barcos. Mas, aos 41, ao tentar novamente estragar a iniciativa do argentino, atirou sobre a bola e aplicou um efeito que encobriu Muriel. Mãos à cabeça, lamentos colorados, surpresa azul: o Grêmio achava o empate.
- Infelicidade. Fui tentar cortar a bola e foi para dentro do gol - explicou Jackson, que repetiu o colorado Luiz Carlos Winck, o último gol contra em Gre-Nais, em 12/03/1988.
- Dois gols em dois erros, vamos ver se a gente consegue fazer um jogando com qualidade - admitiu um nada contente Kleber Gladiador.
Começam iguais... terminam iguais
O segundo tempo começou com uma novidade. Werley deixou o campo com fisgada na coxa esquerda. Deu lugar a Saimon, de histórico curioso em Gre-Nal - na despedida do Olímpico, em 2012, brigou com o então técnico do Inter Osmar Loss e foi expulso. No seu primeiro lance, falhou e quase permitiu o gol de D’Alessandro. Bressan salvou. A resposta surgiu quase imediata. E fatal. Aos sete minutos, um contragolpe fulminante deu a virada ao Tricolor. Kleber tabelou com Ramiro e lançou Vargas. O chileno driblou Muriel e… 2 a 1 em Caxias. Aos 10, Souza cabeceou, e a bola roçou o poste. No mesmo minuto, Barcos arriscou. O Grêmio virou e, pelo jeito, queria mais, com seus três atacantes.
Mas o Inter tem D’Alessandro, que sabe como poucos jogar um Gre-Nal. O argentino invadiu a área e foi derrubado por Bressan, aos 14 minutos. Chance de ouro para o Colorado empatar e D’Ale voltar a marcar em Gre-Nal - o último havia sido de pênalti, em dezembro de 2011. O jejum foi rompido com uma finalização forte e rasteira, que ainda contou com desvio no braço esquerdo de Dida. Na comemoração, resposta a Vargas, que comemorara como um Saci. D'Ale, por sua vez, fez um binóculo com as mãos.
Aos 32, D’Ale tinha o gol vazio, só não marcou por providência de Riveros. O Grêmio, novamente, retrucou. Para ficar tudo igual, além do placar, Souza perdeu gol feito, sobre a linha, ao cabecear na rede por fora. No fim, um justo, quente e clássico 2 a 2.
fonte:Globo Esporte