03-07-2013/10:42:48

Mantras de Renato: técnico sustenta conceitos e revive a temida 'caixinha'

Sistema de punição a atletas ficou famoso em sua 1ª passagem no Grêmio. Gosto por jogadores 'cascudos' e losango no meio-campo também voltam

Dizem que quem vive de passado é museu. Mas o passado também ensina. E é apoiado em muitos conceitos de uma história ainda recente que Renato Gaúcho espera fazer sucesso no Grêmio em sua segunda passagem como técnico. Termos que ganharam vida na primeira vez do ex-atacante como treinador no Olímpico, como "caixinha" e "cascudos", ressurgem com toda a força, desta vez na Arena.

Em 2010, a caixinha foi a maneira encontrada de Renato conter um vestiário herdado de Silas completamente em ebulição. Havia os mais variados tipos de punições: por atraso, uso de joias em treinos, por suspensão boba em jogos e, inclusive, para quilinhos a mais. E o próprio técnico já teve que contribuir com a temida caixinha. Certa vez, seu celular tocou numa palestra de pré-jogo e ele teve que pagar multa.

O total arrecadado no fim de 2010 foi doado ao Instituto Geração Tricolor, órgão criado para auxiliar as famílias de funcionários do clube. Para a sua segunda temporada no Grêmio, confessa que ainda não estipulou as novas regras.

-  A caixinha eu não sei como vai ser, mas ela vai voltar, sim - antecipa. - É bom a caixinha, porque o que dói é o bolso. Se você mexer no bolso, o jogador acorda.

Renato sabe como é. Em seus tempos de jogador, ainda um jovem de personalidade forte no Grêmio, sofreu mordidas pesadas no bolso, pelo menos duas vezes de até 40% do salário. E o puxão de orelhas deu mais do que certo em campo, como a história e seus gols imortais no Mundial de 1983 não cansam de lembrar ao torcedor.

De Dida a Zé: os novos 'cascudos' de Renato

Outro termo que Renato lançou entre 2010 e 2011 e que pegou feito música pop-sertaneja foi os "cascudos". Surgiu quando o treinador pedia jogadores mais experientes à direção para a disputa da Libertadores. Só chegariam depois, entre eles, Gilberto Silva, hoje no Atlético-MG. Questionado em sua apresentação, na terça-feira, sobre o assunto, sorriu ao repórter:

- Vocês gostaram da palavra, né? Não esqueceram...

Depois, falou sério:

- Independentemente da idade, às vezes falta para os jogadores um empurrão. E, aos pouquinhos, você vai ter isso, com alegria e confiança. Tem que ter confiança. Não pode ter medo de errar. O grupo é forte, tem experiência, tem juventude, tem jogador cascudo. É o grupo que todo treinador gosta de trabalhar. Mas no meu time, não tem idade, não tem salário, joga quem tiver melhor.

Cascudos desta vez não faltarão. Há, por exemplo, Zé Roberto, 38 anos, e Dida, 39, no time titular deixado por Vanderlei Luxemburgo.

Losango e juras de amor também de volta

A herança da primeira passagem também se aplica ao campo. No primeiro treino, sob os olhares de 5 mil espectadores na Arena, Renato montou o meio-campo com losango. Esquema idêntico ao que ele usou para tirar o Grêmio da zona de rebaixamento e levá-lo ao G-4 do Brasileirão de 2010 em apenas 19 rodadas.

- A grande vantagem de 2010 é que agora tem muitos jogos pela frente. Agora, recém começou - lembra Renato, que, em 2010, assumira o time na 15ª rodada, enquanto, desta vez, o fará na sexta.

Com Renato, não voltam somente as medidas peculiares, como a caixinha, ou as expressões de efeito, tal os cascudos. Também revivem as infindáveis declarações de amor ao clube:

- O contrato é de seis meses. Vamos ver o que acontece no Brasileiro e na Copa do brasil. Não é uma multa que vai me prender aqui. Não vim tirar dinheiro do Grêmio, vim receber meu salário. Não tem multa. Saio quando o Grêmio se cansar de mim ou eu cansar do Grêmio, o que é impossível...

Nesta quarta-feira, às 15h30m, Renato comandará o Grêmio num jogo-treino contra o São Paulo-RS. Se tudo remete a um clima de nostalgia, a torcida espera que os resultados se inspirem muito mais em 2010 do que em 2011. A conferir.

Fonte:Globo Esporte