18-06-2014/09:02:01

Famílias atingidas por água de usina se recusam a ir para casas da Copel

Comportas da Usina Salto Caxias foram abertas e água invadiu casas.
Famílias de Capitão Leônidas Marques estão em salões comunitários.

Seis famílias, que foram atingidas pela abertura das comportas da Usina de Salto Caxias, em Capitão Leônidas Marques, no oeste do Paraná, ainda estão abrigadas em salões comunitários da cidade ou em condições precárias desde a enchente do sábado (7). As famílias se recusaram a ir para as casas oferecidas pela Companhia de Energia do Paraná (Copel). Elas seriam transferidas para os imóveis temporariamente, até que a empresa pudesse ressarcir os prejuízos e reconstruir os bens perdidos.

A casa do agricultor Nilson Giacobo teve que ser amarrada em uma árvore para não ser levada pela enchente, mesmo assim só alguns móveis foram salvos. “Não está sendo fácil, não. Porque a gente era acostumado a trabalhar o dia inteiro, mexer com as coisinhas da gente, os bichinhos”, lamenta o agricultor.

“A casinha que nós tínhamos, digamos que não fosse tão boa, mas era o que nos tínhamos, aí a gente perde e volta lá de que jeito?” comenta a dona de casa Maria Hartmann. “A gente não sabe nem o que vai fazer, porque a nossa rendinha era o leite e não estamos mais tirando o leite”, diz o agricultor Alziro Hartmann.

A agricultora Lúcia Ferreira dos Santos e outras duas pessoas da família estão morando em um barraco improvisado ao lado da casa onde moravam. “Desde o dia da enchente, de sábado pra cá é assim”, conta. Ela e os familiares decidiram não sair da propriedade para poderem cuidar dos animais, que sobreviveram à enchente inesperada.

Abertura das comportas
A abertura das comportas da Usina de Salto Caxias aconteceu no dia 7 de junho. A operação foi autorizada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), para aliviar a pressão na barragem da usina, que é abastecida pelo Rio Iguaçu. Com a chuva, o nível do rio subiu demais e causou enchentes em várias cidades. As famílias que moravam abaixo da Usina não foram avisadas e não conseguiram salvar os bens materiais.

"O Operador agiu de forma correta e os procedimentos foram feitos corretos dentro de uma situação de emergência, sem precedente histórico no Paraná. Os modelos meteorológicos não puderam prever tanta chuva", explica o diretor de geração de energia da Copel, Sérgio Lamy. De acordo com a empresa, a abertura das comportas foi necessária para evitar que a água transbordasse o limite da represa.

Conforme a Copel, se isso acontecesse, os prejuízos poderiam ser ainda maiores na região. "As decisões tinham que ser rápidas e havia uma certa dificuldade de contatar as famílias. Todos os rios na região da usina também tiveram as vazões elevadas. Tivemos dificuldade para mobilizar as nossas equipes", conta Lamy. Segundo ele, houve deslizamentos nas estradas que levam até a usina, impossiblitando o aviso às vítimas antes da abertura.

Fonte:G1/PR